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Meu pai...



Falar sobre meu paizinho é ao mesmo tempo fácil e doloroso...
Fui criada por um pai austero, pobre mas altivo,
eu diria até orgulhoso...
Um pai presente, carinhoso, sempre com as respostas na
ponta da língua pois nunca deixava pergunta sem resposta...
Meu pai era esforçado...Sem estudos, trabalhava o dobro para
sustentar os 3 filhos e dentro das possibilidades
nunca deixar faltar o básico necessário...

Já vi meu pai chorar por não ter condições de dar o melhor...
mal sabia ele que a gente nem notava o que faltava,
afinal você não sente falta do que nem sabe que existe...
Fomos muito felizes, tivemos infância de quintal,
de primos unidos, de brincadeiras na rua de molecada...

Não havia tanta maldade e o perigo não nos rondava como hoje...
Íamos a igreja na adolescência e na volta a garotada
se reunia no nosso portão para continuarmos a cantoria
pois amávamos ficar juntos e a alegria era comum...

Quando nossos pais casaram o último filho,
meu pai resolveu que era hora de estudar!!!
Acreditem, meu pai terminou até o 2º grau depois que
todos casamos e ele achou que sua missão
em relação aos nossos estudos estava cumprida...
Papai trabalhou no Instituto Oswaldo Cruz até os 70 anos...
Aposentou 2 vezes, uma por tempo de serviço e a outra foi forçada,
por idade, pois sua mente já não acompanhava seu corpo...
Normalmente reclamamos que nosso corpo
não combina com nossa mente,
que temos maturidade física,
mas que somos jovens por dentro, não é???
Com ele foi ao contrário, forte e vigoroso mesmo,
seu corpo foi traído pela mente e os sinais foram
ficando evidentes e foi obrigado a parar de dirigir
e de trabalhar fora e isso foi o decreto da doença:
O fantasma que ronda nossas gerações, o mal de Alzeheimer!!!

Aposentado, não se conformou em ficar lendo jornal
ou carregar gaiola de passarinhos na praça e
nem muito menos ficar em frente ao portão
jogando algum tipo de jogo que lhe fosse oferecido...
Procurava serviço em casa, tudo brilhava
e ficava no devido lugar...
quando não tinha mais o que arrumar,
dedilhava as notas tristes no seu companheiro fiel: O violão!!!
A música sempre fez parte de nossas vidas,
cantávamos sempre ou até assoviávamos
as notas que meu pai tocava...
dormi muitas vezes e acordei também ao som desse instrumento ...

Hoje, meu pai não anda sozinho, tem dificuldades pois
não tem o equilíbrio necessário para andar sem apoio...
Não sabe quando tem sede, apetite ou se precisa de banho
ou de escovar os dentes... É monitorado 24 hs por dia!!!
Temos que ser sua mente, suas pernas, sua vontade...

Se ninguém notar fica com os lábios ressecados de sede,
pois sua mente não registra as necessidades básicas...
Toma uma média de uns 20 comprimidos distribuídos pelo dia,
usa fraldas e tem um olhar distante...

Vive perguntando por sua mãe que no caso é
a minha mãe, pois acha que minha mãe não é a noiva dele...
É ele pergunta pela noiva dele e se dizemos que
minha mãe é a esposa dele, responde
que não pode ser pois a noiva dele é nova e bonita!!!

Eu, geralmente sou a irmã dele ou a cunhada,
mas quando sua mente tem uns lampejos de lucidez: Eu choro!!!
Ele me olha, com carinho... e diz que me ama e me chama pelo nome!!!

Quando tem sede ou apetite e eu trago algo pra ele,
me olha e diz: Como você advinhou??? Que delícia!!!
E eu me sinto grata a Deus por ter meu pai
aos 84 anos ao meu lado, mesmo sem sua lucidez,
lindo, cabelos branquinhos, sorriso vazio,
corpo enrugado mas sem uma doença, sem uma escara,
com cicatrizes sim, mas da vida!!!

Agradeço a Deus pelo privilégio de cuidar do meu pai,
por me sentir útil, amada e necessária!!!
Rogo que ele viva o tempo de Deus,
que seja feliz em seu mundinho especial,
que eu tenha saúde pra cuidar e que
me dê forças pra ser seus braços, pernas,
mente e continuar a cuidar desse homem maravilhoso
que me deu a vida e que é motivo do meu orgulho hoje!!!

Obrigada Senhor!!!



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15 comentários:

Meri Pellens disse...

Lê, nosso mundo virtual é maravilhoso, adoramos visitas, comentários, retornos, os amigos virtuais que nos são tão reais, que nos fazem felizes e às vezes tristes. No entanto temos que reconhecer que é a vida real a nossa real vida, aquela com a qual devemos nos preocupar de fato e não poupar energias para viver bem e felizes ao lado daqueles que amamos tanto. É por isso que nem ligo se me visitam no blog sem deixar comentário. Quem visita é porque gosta, se não comenta é porque não tem nada a dizer, e pronto.
Seu texto sobre seu pai é comovente! Parabéns por ter tido um pai tão maravilhoso; nem todos tem a mesma sorte. Bj.

Simone disse...

Amiga que lindo seu paizinho, e que exemplo de vida!!!
Como já te disse, minha avò padeceu da mesma doença de seu pai. Maldita doença!!!!
E só quem tem um parente que sofre desse mal, sabe o qto desgastoso é para nós lidarmos com tudo que a cerca.

Mas amiga admiro demais seu gesto, pois pode ter cereza que será recompensada, é o exemplo, a semente que está plantando, como naquele lindo texto que vc amou:

A mesa do velho avô:
Um frágil e velho homem foi viver com seu filho, nora, e o seu neto mais velho de quatro anos. As mãos do velho homem tremiam, e a vista era embaralhada, e o seu passo era hesitante.

A família comeu junto à mesa. Mas as mãos trêmulas do avô ancião e sua visão falhando, tornou difícil o ato de comer. Ervilhas rolaram da colher dele sobre o chão. Quando ele pegou seu copo, o leite derramou na toalha da mesa. A bagunça irritou fortemente seu filho e nora:

"Nós temos que fazer algo sobre o Vovô," disse o filho.
"Já tivemos bastante do seu leite derramado, ouvindo-o comer ruidosamente, e muita de sua comida no chão".

Assim o marido e esposa prepararam uma mesa pequena no canto da sala.

Lá , Vovô comia sozinho enquanto o resto da família desfrutava do jantar.

Desde que o Avô tinha quebrado um ou dois pratos, a comida dele foi servida em uma tigela de madeira. Quando a família olhava de relance na direção do Vovô, às vezes percebiam nele uma lágrima em seu olho por estar só.

Ainda assim, as únicas palavras que o casal tinha para ele eram advertências acentuadas quando ele derrubava um garfo ou derramava comida.

O neto mais velho de quatro anos assistiu tudo em silêncio. Uma noite antes da ceia, o pai notou que seu filho estava brincando no chão com sucatas de madeira. Ele perguntou docemente para a criança, "O que você está fazendo? "Da mesma maneira dócil , o menino respondeu: " Oh, eu estou fabricando uma pequena tigela para Você e Mamãe comerem sua comida quando eu crescer." O neto mais velho de quatro anos sorriu e voltou a trabalhar.

As palavras do menino golpearam os pais que ficaram mudos. Então lágrimas começaram a fluir em seus rostos.

Entretanto nenhuma palavra foi falada, ambos souberam o que devia ser feito. Aquela noite o marido pegou a mão do Vovô e com suavidade o conduziu para a mesa familiar.

Para o resto de seus dias de vida ele comeu sempre com a família. E por alguma razão, nem marido nem esposa pareciam se preocupar mais quando um garfo era derrubado, ou leite derramado, ou que a toalha da mesa tinha sujado.

As crianças são notavelmente perceptivas. Os olhos delas sempre observam, suas orelhas sempre escutam, e suas mentes sempre processam as mensagens que elas absorvem. Se elas nos vêem pacientemente providenciar uma atmosfera feliz em nossa casa, para nossos familiares, eles imitarão aquela atitude para o resto de suas vidas.

O pai sábio percebe isso diariamente, que o alicerce está sendo construído para o futuro da criança.

Sejamos sábios construtores de bons exemplos de comportamento de vida em nossas funções. (leia Dt. 6)

Lembre-se também do Mandamento que Deus nos deixou : "Honra o teu pai e tua mãe para que se ......" ( Êx. 20:12 )

Bjs minha amiga e um feliz Dia dos Pais, para seu paizinho, que assim como vc é privilegiada por tê-lo como pai, ele tbém deve sentir-se privilegiado, por ter-te como filha!!!!!

tiamuuuuuuu
amiga

Tia Ana disse...

Que história linda Lê, me emocionei, vc é uma pessoa iluminada, pois foi criada com lutas e vitórias, Parabéns por ter uma família tão linda. Que Deus continue te abençoando, pois o mundo precisa de referências e as raízes estão morrendo, não vemos mais histórias bonitas como a sua. Fico feliz por tê-la como amiga, mesmo que virtual. Bjs! Fique na PAZ

krika disse...

Lê, Deus abençoe seu amado pai!

krika disse...

Lê,
Me ensina a diminuir selinhos?
Quando vou postar um selinho ou link e está grande,como faço?
Se vc puder me mandar um email,agradeço obrigada

Anônimo disse...

Lê que lindo isso gostei muito ah eu também me orgulho do meu pai mas as vezes ele fica chato demais quer saber tudo que se passa comigo afff tem horas que cansa rs!
Bom vim te agradecer por não se zangar comigo graças à Deus que não! Vim também deixar meu carinho para você te desejar uma bela semana cheinha de coisas boas!

Beijoss fica com Deus!

Michele disse...

Querida eu adorei seu blog, gostei das mensagens de reflexão, são muito interessantes, parabéns. Obrigada por se tornar minha seguidora. bjos.

teresa carneiro disse...

Minha amiga gêmea!!!!já conversamos muito a respeito dos nossos pais neh? Voce é uma privilegiada por poder estar com seu pai ao seu lado , servindo-o e amando-o com muito carinho.Lembro bem dos "lampejos" DE MEMÓRIA QUE MEU PAI TINHA e eram maravilhosos!Nos agarrávamos àquele momento que era mágico, mas logo ele acabava e ele se voltava para seu mundo individual e com o olhar perdido!Minha linda curta TODOS os momento possiveis com seu pai!!Te amo.....bjs na alma...Teresa

Giulia e Mônica disse...

Oi lê tb adoro visitas e comentarios, as vezes fico triste pq muitos visitam mais nem se quer deixam um recadinho, adorei a campanha, obrigada pelas visitas e vou levar estes selinhos adorei...bjs Seu paisinho é lindo... bjs

niese disse...

Que lindo !Belíssima hmgm.Deixo um carinhoso abraço e desejos de uma semana super abençoada.bjns

Sonia Silva disse...

Oi amigaaaaa, parabéns pra vc por ter um paizão assim e ainda ter a chance de cuidar dele. Não tive a mesma sorte, papai do céu levou meu pai sem me dar a chance de retribuir a ele todo o carinho e amor que ele me deu, mas, sei que onde ele estiver está olhando por mim e sabe o qto eu o amei e amo! Parabéns pra vc amiga e dê um beijo em seu pai por mim. Já estou levando o selinho e postando, estive ausente pois por não ter meu pai e infelizmente tb não ter minha mãe, passo estas datas festivas com minha tia e lá não tem computador, por isso não pude dar noticias, mas, como sempre digo, pra mim a amizade está no coração, então enquanto o meu e o seu coraçao estiverem batendo em sintonia como é até hoje, tenho a certeza de que ainda não perdi você e espero não perder nunca. Beijos e uma ótima semana pra ti.

krika disse...

Lê,por favor,pode me ajudar?
Fiz um selo de campanha de direitos autorais e ficou grande. Vc poderia diminuir pra mim?
E tb queria que vc me ensinasse...Se puder me enviar um email....Beijos obrigada...

Simone disse...

Oi minha amada, já estou fazendo o mascotinho do Butterflies, estou caprichando, pois vc merece.

ti amuuuuuuuuuuu

bjs

Dione disse...

Oi Lê, que lindo o post sobre o seu pai. Imagino que maravilha é poder se orgulhar assim ao falar sobre seu pai. Infelismente eu não tenho palavras bonitas pra falar sobre o meu, apesar dele estar bem vivo e ótimo de saúde! Mas fico feliz por vc! qQue Deus abençõe a sua familia...bjosss

Fernanda Benitez disse...

Ai amiga vc sempre me emocionando com seus relatos. Seu paisinho é muito especial tenho certeza da maravilhosa pessoa que é pq conheço seu fruto, e boas árvores dão bons frutos como vc. Eu não tenho nenhum dos dois mais, nem meu pai, nem minha mãe, tem horas que me sinto só, sem referencias, sem chão. Mas paro, e penso em tudo que me ensinaram, e o qto tenho deles em mim e sinto a força do amor, como se me dissem "vc nunca estará só, pois nós continuamos com vc". É a vida amiga, preciso me conformar pq a morte é a única certeza que temos.
beijinhos no seu paisinho e no seu coração cheio de amor.

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... farei o possível para não amar demais as pessoas, sobretudo por causa das pessoas. Às vezes o amor que se dá pesa, quase como uma responsabilidade na pessoa que o recebe. Eu tenho essa tendência geral para exagerar, e resolvi tentar não exigir dos outros senão o mínimo. É uma forma de paz... Clarice Lispector
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